João Gomes d’Almeida nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1847, perdeu seus pais muito jovem, sendo criado por uma tia. Não foram encontradas maiores informações sobre a sua família, sua infância e juventude.
Em visita à região do sul de Minas Gerais, conheceu sua futura esposa na cidade de São Gonçalo do Sapucaí. Após o seu casamento, instalou-se em Águas Virtuosas de Lambary, estância balneária com grande afluxo de turistas em busca do tratamento termal com as águas minerais. Tornou-se fotógrafo da Empreza das Águas, sediando seu estúdio fotográfico no prédio da Empreza junto ao balneário e cassino do Parque das Águas. Na Photographia Fluminense, registrou grande número de cartões como souvenier para os missivistas/aquáticos que praticavam vilegiatura nos períodos de estação.
Seu primeiro contato com a fotografia teria se dado ainda no Rio de Janeiro, onde se profissionalizou no ofício, constando no alistamento eleitoral de Águas Virtuosas de Lambary de 1897/1898, como o único fotógrafo profissional residente na vila.
Como fotógrafo itinerante, atuou em diversas frentes na região sul mineira, registrando paisagens, monumentos, grupos e fotos mortuárias.
Possui uma rica produção visual, demonstrando em suas fotografias o domínio técnico de um estudioso das técnicas de produção e impressão fotográfica. Registrava em um caderno diferentes fórmulas químicas de revelação e os cálculos de cada cartão ou fotografia conforme os custos com elementos químicos usados para obter a impressão e o acabamento desejados pelo cliente e gastos com molduras e passe-partout, além de manter correspondência com outros fotógrafos. No verso dos cartões de visita impressos por ele, lemos a seguinte legenda: “Photographo volante pela província. Tira retrato por todos os systemas até hoje conhecidos”.
No período em que atuou em Águas Virtuosas teve contato com fotógrafos que circularam pela região, como por exemplo: Augusto Soucasseaux em 1905/1906. Seu maior interesse foi a fotografia de paisagem, dedicando-se ao registro dos bosques, parques e praças públicas e jardins da estância do Lambary, principalmente.
Faleceu em 1907, deixando seu ofício, estúdio, câmeras, materiais e acervo para um dos filhos: João Gomes de Almeida Filho (1893 – 1961). Aos quatorze anos de idade, o jovem que acompanhava seu pai no trabalho pelas cidades da região, assumiu o seu posto, profissionalizando-se à medida que atuava como fotógrafo local. Teve contato direto com Paulino de Araújo[1], residente em Campanha, em cujo acervo foram encontradas muitas fotografias com o carimbo dos Almeida.
Pai e filho foram responsáveis pela produção das primeiras imagens da estância balneária do Lambary. Tal acervo nos permite conhecer o processo de modelação da antiga vila de Águas Virtuosas da Campanha - Lambary, ao mesmo tempo em que se percebe o olhar engajado desses fotógrafos na produção das imagens de propaganda da estância reproduzidas em cartões e foto postais, segundo a leitura ideal da paisagem, dos monumentos para a memória visual da cidade.
Atualmente, o Museu das Águas em parceria com a Universidade do Estado de Minas Gerais está desenvolvendo projetos de pesquisa buscando conhecer a coleção de fotografias, foto postais e cartões assinados pelos Almeida, classificando-a conforme a produção de fichas e produção de um banco digital das fontes visuais.
[1] Ver o verbete ARAÚJO, Paulino.