Solari, Jean (Paris - )

Vida: 
1933
País: 
França
Autor: 
Clarissa C. M.M. de Castro
Campo de atuação: 
Fotojornalismo
Segmentos fotográficos específicos, como: moda, culinária, turismo, ecologia e automobilismo esportivo
Serviços de estúdio
Produção para vídeos institucionais
Trajetória fotográfica: 
Revista O Cruzeiro
Revista Quatro Rodas
Revista Realidade
Revista Manchete
Revista Desfile
Revista Ele e Ela
Ministrou aulas de fotojornalismo na FAAP - Fundação Armando Álvares Penteado
Sócio da empresa Comunicação Áudio Visual
Sócio da empresa SCOPE Áudio Visual
Sócio do Estúdio Réalité Produções Fotográficas
Destaques: 
Um dos poucos fotógrafos à época a trabalhar com muitas cores na fotografia
Cobertura fotográfica do Grand-Prix de automobilismo em Mônaco, Espanha, Alemanha e Bélgica
Cobertura fotográfica da eleição de Salvador Allende, no Chile
Reportagem especial sobre a Amazônia para a Realidade
Prêmio ESSO de jornalismo pela edição de "Realidade Amazônia" em 1971
Prêmio SUDENE de jornalismo pela edição de "Realidade Nordeste" em 1972
Publicações internacionais na Paris Match (França) e Bild der Zeit (Alemanha)
Exposição na XIII Bienal de São Paulo, em 1976
Exposição no MAC - Museu de Arte Contemporânea, no evento "A fotografia e os anos 60", em 1976
Exposição no MIS – Museu da Imagem e do Som, no evento “Fotojornalistas brasileiros, Anos 40, 50, 60 e 70", em 1990
Exposição na 6º Coleção Pirelli, em 1996
Convite para participar do Recontres Internationales de la Photographie, em 2006
Patrocínio da Editora Abril para participar da exposição “Fotógrafos em Revista” na FAAP, em 2009

 

Jean Solari nasceu em 5 de Dezembro de 1933, em Paris, na França.Foi um dos fotógrafos especialistas nas fotografias em cores. Filho de Clermont Solari, de nacionalidade suíça e de Marie Louise Solari, francesa, Jean Solari mudou-se para o Brasil com sua família em 1950 após seu pai ter sido contratado pela Mesbla para trabalhar em solo Sul americano

Chegando ao Brasil estabeleceram-se em Santa Teresa, no Rio de Janeiro e Jean Solari deu continuidade aos seus estudos no Liceu Franco-Brasileiro, em Laranjeiras. Ao longo desse período entrou em contato com a fotografia, através de amigos e indicações, e a partir de então, passou a atuar como assistente de fotógrafo. E foi nessa primeira experiência que aprendeu as noções básicas para fotografar, revelar, manusear o equipamento e para trabalhar as fotos em estúdio.

A partir de 1953 já iniciava sua promissora carreira na fotografia e no fotojornalismo brasileiro. Entre 1953 e 1958 viveu intensamente a descoberta fotográfica. Foram 5 anos dedicados à nova atividade. Neste período foi assistente do fotógrafo Richard Sasso, especialista em dança; trabalhou como freelancer para a Riográfica editora, KLM Companhia de aviação, Organização Vitor Costa[1], Construtora Pederneiras e para as revistas: Radiolândia, Café Society e Shopping News. Além disso, fotografou para algumas capas de disco da Columbia.

Em 1958 começou a trabalhar na Revista O Cruzeiro. Cobria pautas nacionais e internacionais, dentre elas: A posse dos presidentes Jânio Quadros e João Goulart, em 1961 e Castelo Branco em 1964; As manobras americanas no Canal do Panamá; A visita do Papa Paulo VI a Jerusalém, em 1964; A visita de Brigitte Bardot a Búzios, no Rio de Janeiro; Série de reportagens sobre o Oriente Médio; Entrevista com o Arcebispo Makários; A viagem de 45 dias de Costa e Silva, candidato à presidência, em sua rota ao Oriente Médio; Entre outras.

Na O Cruzeiro não era fotógrafo de um único segmento. Ao contrário, como em suas fotografias, trabalhava muito com as cores, o que ainda não era comum, cobriu desde reportagens sobre política até matérias de moda e culinária.

Em 1966, em uma viagem ao Recife para fotografar a fábrica da Ford, Jaboatão, conheceu o diretor da revista Quatro Rodas[2]. Duas semanas após o encontro recebeu um convite para trabalhar na Abril. Não havendo mais vaga na revista Realidade, a preferida por Solari, ingressou, pelo dobro do salário que recebia na O Cruzeiro, na equipe fotográfica da revista Quatro Rodas.

Neste novo emprego atuou em segmentos específicos, como: o turismo e o automobilismo esportivo. Fez diversas viagens pelo Brasil, Uruguai e Argentina, fotografando rotas turísticas, restaurantes, hotéis e paisagens locais. Além disso, fotografou o Grand-Prix de automobilismo, em Mônaco, Espanha, Alemanha e Bélgica.

A partir de 1968, após 2 anos de viagens pela Quatro Rodas, conseguiu uma vaga de fotógrafo fixo na equipe da revista Realidade, na qual trabalhou até 1973. Apreciava a autonomia concedida, pela redação da revista, ao fotógrafo. Cobria pautas nacionais e internacionais para reportagens de segmentos variados, como: a eleição do presidente Salvador Allende, no Chile; A expectativa sobre a volta de Perón, na Argentina; reportagem sobre o Rio São Francisco; a mineração de ouro em Morro Velho; entre outras.

Participou da elaboração de edições especiais da Realidade, sobre o mar, a Amazônia, o Nordeste e Cidades. Na reportagem sobre a Amazônia Solari ficou durante 28 dias em mata fechada, acompanhando o trabalho de caçadores no interior da floresta. Publicou, com grande repercussão, a foto de uma pele de onça com o objetivo de chamar a atenção para o crime ambiental que se praticava no país.

Na década de 1970, em meio à censura imposta havia anos pelo regime militar brasileiro, a Realidade entrou em processo gradativo de perda dos anunciantes até culminar em seu fechamento, em 1973. Solari foi transferido para o Laboratório Central da Abril, trabalhando, concomitantemente, como freelancer da Maitiry áudio visuais. Nesta última participou de um projeto para a empresa Villares. Sendo contratado como fixo, saiu da Abril e de 1973 a 1974 fotografou para vídeos institucionais e demais apresentações para as empresas contratantes

Com a falência da Maitiry áudio visuais, Solari ingressa, em 1974, na sucursal da Bloch, em São Paulo, onde trabalhou por 7 meses fotografando para as revistas Manchete, Desfile e Ele e Ela. No período de 1974 a 1979, Solari ministrou aulas de fotojornalismo na FAAP – Fundação Armando Álvares Penteado.

Ao ser convidado, em 1975, para integrar a sociedade da empresa Comunicação Áudio Visual, o fotógrafo deixou o grupo Bloch e passou a fotografar para diversas empresas que contratavam seu trabalho, basicamente para a produção de vídeos institucionais, com os quais já havia trabalhado na Maitiry áudio visuais. Dentre seus clientes, Gessy – Lever, Comgás, Malboro, Laboratórios Beecham, etc. Porém, a sociedade foi desfeita em 1978, com a saída de 3 dos 6 sócios que a constituíam.

Os sócios restantes, inclusive Solari, fundaram a SCOPE áudio visual, atendendo às mesmas funções práticas da empresa anterior. Entre 1978 e 1991 produziram vídeos institucionais para diversas empresas e projetos. Dentre seus clientes: Brastemp, Carrefour, Bayer do Brasil, Colgate, Citybank, EMBRAPA, Gradiente, Grendene, Goodyear do Brasil, Eletropaulo, Johnson & Johnson, Júlio Bogoricin, Kendall do Brasil, Lacta, Kibon, Mercedes Benz, Nestlé, O Estado de São Paulo, Philco, Philips, Sharp, Shell, Ticket restaurante, UNICEF, Walita, entre outros.

Em 1991, com o fechamento da SCOPE, por dificuldades financeiras, Solari tornou-se sócio do estúdio Réalité produções fotográficas, em São Paulo. Dentre os clientes, usinas, laboratórios farmacêuticos, Banco Real, Clube de Golfe São Fernando, MAM – Museu de Arte Moderna, Cerâmica Porto Bello, dentre outros. A sociedade durou até 2001, pois com o avanço tecnológico, permitindo, além de outras facilidades, a digitalização da fotografia, houve a redução do número de clientes.

Solari se aposentou em 2001 e foi morar em Saquarema, cidade litorânea do Estado do Rio de Janeiro, com sua família. Mas, continuou a participar de exposições e a organizar seus arquivos particulares.

Dentre os prêmios recebidos por Solari, fazem parte o prêmio ESSO de jornalismo recebido em equipe, pela edição de “Realidade Amazônia”, em 1971; o prêmio SUDENE de jornalismo, também recebido em equipe, pela edição de “Realidade Nordeste”, em 1972.

Além dos prêmios, Solari teve seus trabalhos publicados internacionalmente, com publicações na Paris Match[3] e na Bild der Zeit, em Outubro de 1972. Muitas de suas fotos foram distribuídas por diversos países através das agências fotográficas, divulgando, assim, seu trabalho em variados meios.

Dentre as exposições realizadas ao longo de sua vida profissional Solari expos na XIII Bienal de São Paulo em 1976 e no MAC – Museu de Arte Contemporânea, em 1984, no evento “A fotografia e os anos 60”. Em 1990 e 1996 expôs, respectivamente, no MIS – Museu da Imagem e do Som, no evento “Fotojornalistas brasileiros, Anos 40, 50, 60 e 70.” E na 6º Coleção Pirelli. Em 2001, a mesma coleção foi exibida em Roma. Solari foi convidado para participar, em 2006, na Recontres Internationales de la Photographie em Arles na França. E, em 2009, patrocinado pela editora Abril, participou da exposição “Fotógrafos em Revista” na FAAP.

 


[1] Como responsável pela parte de divulgação da Rádio Nacional

[2] Revista produzida pela Editora Abril

[3] Revista semanal francesa, fundada em 1949 pelo empresário Jean Prouvost

 

Referências: 
http://www1.caixa.gov.br/imprensa/noticias/asp/popup_box.asp?codigo=6811401
Acervo LABHOI - Entrevista concedida em 01 de Agosto de 2009.

 

 

ISBN: 978-85-63735-10-2