Umberto Zanella nasceu no ano de 1878, em Roma, na Itália. O contato com a técnica da fotografia se deu ainda no país peninsular, quando jovem, local onde também conquistou um diploma de químico.[i]
Ao emigrar para o Brasil, o jovem fotógrafo passou por algumas cidades antes de se estabelecer em Caxias do Sul (RS), onde atuou por mais de vinte anos. Em dezembro de 1904, comunicava à Intendência Municipal de Caxias que, a partir de 1º de janeiro do ano seguinte, abriria um “estúdio de photographia, na Rua Julio de Castilhos, número 63”.
Nessa época, conforme os relatórios da Intendência Municipal, o valor coletado de imposto das “casas de tirar retratos por qualquer systema, provisórias ou permanentes” era de 25$000 para aquelas estabelecidas nos limites da vila de Caxias.[ii] Já no exercício seguinte, 1906-1907, o valor foi aumentado para 30$000,[iii] indício de que as casas desse gênero estavam surgindo e crescendo economicamente no município.
O estúdio de Zanella permaneceu ativo na cidade até pelo menos o ano de 1922, data de uma fotografia produzida pelo fotógrafo durante uma manifestação política de moradores locais em frente ao Centro Republicano Caxiense. A partir desta e de outras fotografias do acervo de Zanella, pode-se perceber que o fotógrafo produzia vistas e retratos em papel albuminado. As câmeras que utilizava eram estrangeiras, provenientes da Alemanha, local de onde também partiam outros materiais e instrumentos utilizados para a produção das fotos.[iv]
Poucos anos após o registro de 1922, Zanella mudou-se para o então distrito caxiense de Nova Trento (atual Município de Flores da Cunha, RS), onde deu continuidade à atividade de fotógrafo e, inclusive, tornou-se proprietário de um cinema.[v]
Apesar de estar estabelecido na vila, Zanella também atuava como fotógrafo itinerante, atendendo aos moradores da zona rural. Já aqueles que visitavam o estúdio, tinham à disposição dois tipos de cenário: um neutro e outro com uma pintura de paisagem.[vi]
A clientela urbana do estabelecimento fotográfico de Umberto Zanella era constituída por membros da burguesia comercial e industrial local, como, por exemplo, o comerciante Vicente Rovea e o industrialista Abramo Eberle. Estes dois nomes também foram, respectivamente, intendente e vice-intendente municipal.
Em uma fotografia de grupo realizada em frente à Ourivesaria e Funilaria Central de Abramo Eberle, é possível perceber o uso do retoque, tendo sido o sobrado de madeira onde funcionava a oficina de trabalho da fábrica destacado em um fundo neutro. Simetria, equilíbrio e organização marcam a expressividade dessa imagem, na qual estão presentes mais de sessenta pessoas, formando uma figura geométrica trapezoidal.[vii]
O trabalho de retoque das chapas fotográficas recebia o auxílio da esposa de Zanella, Maria Rosa Scrinsani. O auxílio da esposa no estúdio devia-se ao fato de Zanella dividir a atividade de fotógrafo com a de padeiro, ofício que herdou de seu pai.[viii]
O fotógrafo Umberto Zanella faleceu em 1957, então residente no Município de São Leopoldo (RS).
Algumas provas fotográficas produzidas por Umberto Zanella integram o acervo do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami de Caxias do Sul.
[i] CAPERGIANI, Renata Zanella. Renata Zanella Capergiani [filha do fotógrafo Umberto Zanella]: depoimento [07 nov. 1984]. Entrevistadores: J. Zucoloto, T. Tonet. Caxias do Sul: Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami (AHMJSA). 1984. 1 cassete sonoro. Entrevista concedida ao Bando de Memória do AHMJSA.
[ii] RELATÓRIO da Intendência Municipal, 1905-1906. Caxias do Sul: Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami, 1906, p. 24.
[iii] RELATÓRIO da Intendência Municipal, 1906-1907. Caxias do Sul: Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami, 1907, p. 18.
[iv] Idem.
[v] Idem.
[vi] Idem.
[vii] A fotografia e mais informações sobre ela são encontradas em TESSARI, 2013, p. 153-154.
[viii] CAPERGIANI, 1984.