Altschul, Gertrudes (Berlim - )

Vida: 
1904 a 1962
País: 
Alemanha
Autor: 
Luiza
Campo de atuação: 
Fotografia Moderna
Fotoclubismo
Trajetória fotográfica: 
Escola Paulista
Foto Cine Clube Bandeirantes
Destaques: 
Mostra individual Filigrana - MASP (2021)
“Making Space: Women Artists and Postwar Abstraction” - MoMA (2017)
“Fotoclubismo: Brazilian modernist photography and the Foto-Cine Clube Bandeirantes, 1946-1964” - MoMA (2021)

Martha Gertrudes Altschul nasceu em 1904, em Berlim, na Alemanha. Viveu em sua cidade natal até 1939, quando imigrou para o Brasil com seu marido Leon, ambos judeus em fuga do nazismo. Em São Paulo, o casal abriu uma manufatura de arranjos florais artificiais, usados como decoração em chapéus, blusas e casacos femininos, dando continuidade ao trabalho que desempenhavam anteriormente, na Alemanha. Em 1952, Gertrudes torna-se membro do Foto Cine Clube Bandeirantes (FCCB), fotoclube de grande expressão para o desenvolvimento da linguagem moderna na fotografia brasileira. Nesse momento, Altschul inicia sua trajetória como fotógrafa, não de modo profissional, mas como uma fotoclubista clássica, isto é, era amadora e levava a prática como um hobby.
No fotoclube, pode desenvolver sua visão artística, demonstrando interesse em formas botânicas e no processo de modernização da cidade de São Paulo. Construiu imagens experimentais que abriram o caminho para o desenvolvimento de uma nova linguagem, em pé de igualdade com os principais fotógrafos da década de 50, interessados na exploração dos efeitos da luz, na quebra das regras clássicas da composição, na geometrização dos motivos e na criação de formas abstratas. Sua produção estava em consonância com o que havia de mais moderno no cenário nacional, sendo a única mulher a ser diretamente associada à Escola Paulista do FCCB por seus próprios contemporâneos.
Ao longo dos anos, Gertrudes avançou nos rankings do fotoclube - passando da categoria “aspirante” para “sênior” entre os anos de 1952 e 1956 -, teve suas fotografias selecionadas como destaque do mês no Boletim periódico do clube, expôs em diversos salões nacionais e internacionais e recebeu prêmios em concursos internos e externos. Dentre suas fotografias mais conhecidas temos “Linhas e Tons” e “Filigrana”, ambas de 1953. Algumas das mostras que participou foram a Photokina, Exposição Internacional de Fotografia e Cinema de Colônia, na Alemanha, em 1955; a 1ª Exposição Latino-Americana de Fotografia Moderna, iniciativa do Grupo Fotográfico La Ventana, do México, em colaboração com o FCCB, em 1959; e a 1ª Bienal Brasileira de Arte Fotográfica, em Campinas, no ano de 1960.
Sua morte prematura, em 1962, apenas 10 anos após entrar no FCCB, encerra sua trajetória ainda em um momento de plena atividade. Menções ao seu nome com informações acerca do aceite de fotografias em Salões e concursos são encontradas mesmo em edições do Boletim do FCCB publicadas posteriormente ao anúncio de seu falecimento. No entanto, se Altschul alcançou grande reconhecimento de seus contemporâneos fotoclubistas, sua produção ficou às margens da historiografia da fotografia moderna por algumas décadas, até ser recuperada tardiamente, especialmente a partir do  livro “A Fotografia Moderna no Brasil”, de Helouise Costa e Renato Rodrigues da Silva (2004), em que figura como a única mulher apresentada em meio a 23 homens.
Suas fotografias foram expostas em: “The Sites of Latin American Abstraction”, com edições em Miami (2006), na Califórnia (2010), em Palma, na Espanha (2010), em Bonn, na Alemanha (2010), e em Zurique, na Suíça (2011); “Fragmentos: Modernismo na fotografia brasileira”, na galeria Gomide&Co (2007); “Indagações Contemporâneas na Fotografia Modernista da Coleção Itaú”, em Brasília (2008); “Foto Cine Clube Bandeirante”, em São Paulo (2009); “Moderna Para sempre - Fotografia Modernista Brasileira na Coleção Itaú”, com edições em Belo Horizonte (2010), Belém (2011), Fortaleza (2013) e Assunção, no Paraguai (2011); “O Elogio da Vertigem: Coleção Itaú de Fotografia Brasileira”, com edições em Paris (2012) e Ribeirão Preto (2014); “Uma Mulher Moderna - Fotografias de Gertrudes Altschul”, em São Paulo (2015), “Modos de Ver o Brasil: Itaú Cultural 30 anos”, na Oca; e “Modernas! São Paulo vista por elas”, no MUJ (2022).
Atualmente, uma pequena parcela de sua obra encontra-se em comodato no acervo do MASP, que recebeu, em 2014, um conjunto de 275 fotografias de 82 fotógrafos do FCCB, sendo 12 impressões vintage de Gertrudes. Em 2015, a instituição apresentou parte de sua obra na mostra coletiva “Foto Cine Clube Bandeirante: do arquivo à rede” e, em 2021, realizou a exposição “Filigrana”, uma retrospectiva inteiramente dedicada à fotógrafa, em conjunto com a publicação de um catálogo de extrema relevância para a divulgação de sua produção. Obras de Altschul figuram, também, em duas mostras coletivas do MoMA: Making Space: Women Artists and Postwar Abstraction (2017) e Fotoclubismo: Brazilian modernist photography and the Foto-Cine Clube Bandeirantes, 1946-1964  (2021), com catálogo homônimo.

Referências: 
acrescentar

 

 

ISBN: 978-85-63735-10-2