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O Negro Horácio - A primeira escultura de um africano do Brasil e a escultura etnográfica no século XIX

Coordenador: Paulo Knauss

          Em 1855, o escultor francês, Louis Rochet, foi incumbido de realizar o projeto da estátua equestre de d. Pedro I, que foi finalmente inaugurada em 1862 na cidade do Rio de Janeiro, com grande festividade cívica, no contexto do Segundo Império. A construção do monumento público na capital do Império do Brasil traduziu a afirmação simbólica do regime imperial e do Estado nacional, celebrando o primeiro imperador e a Constituição como sua obra principal. Na República, a imagem foi questionada, mas apenas a mudança do nome do logradouro rivalizou com a imagem, relembrando o fato de que naquela praça havia ocorrido o martírio de Tiradentes no quadro de crise da ordem colonial. Resumidamente, a história da imagem participou, assim, da história política do Brasil.
          Ao representar o território e o espaço nacional, o projeto realizado por Louis Rochet recorreu a alegorias de indígenas no pedestal, realizando, assim, as primeiras imagens de índios em obra de escultura pública no Brasil. Contudo, para realização da imagem escultórica, Louis Rochet, organizou uma viagem ao Brasil em 1856 para realizar estudos para a construção das imagens dos indígenas. Contudo, o que pouco se comenta na historiografia especializada é o fato de que Louis Rochet foi também autor de um busto de um escravo africano do Brasil. A peça com o título de Le Nègre Horace, hoje guardada no Museu do Homem em Paris, França, fixou a imagem do escravo que o acompanhou durante sua estada no Rio de Janeiro. Importa chamar atenção também, que entre os 13 modelos de bustos que realizou no Brasil, Horace era a única que não tratava a imagem de um indígena e foi apenas ela que foi fundida em bronze e exposta no Salão de Paris, de 1857.
          O trabalho pretende contextualizar essa obra de Louis Rochet no contexto da escultura etnográfica do século XIX que teve seu auge em meados do século XIX na França, antes da difusão da fotografia como recurso de missões científicas.

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