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As identidades afro-brasileiras em movimento: jongos, calangos e folias

Coordenadoras: Hebe Mattos e Martha Abreu

          A pesquisa tem como objetivo avaliar os registros e representações de folcloristas, literatos, jornalistas e dos próprios festeiros sobre as expressões culturais protagonizadas pelos descendentes da última geração de africanos e escravos no sudeste do Brasil, entre o final do século XIX e o tempo presente. Dentre essas expressões, destacam-se jongos, calangos e folias. Se calangos e folias são expressões tidas como populares e não negras, em torno do jongo registra-se a maior parte das descrições e representações sobre a chamada cultura afro-brasileira no sudeste. Considerado, até bem pouco tempo, como uma prática em extinção, o jongo, em 2005, recebeu o título de Patrimônio Cultural Brasileiro por ser reconhecido como representante da chamada multifacetada identidade cultural brasileira e da resistência afro-brasileira na região sudeste, assim como pelo seu caráter de referência cultural, como remanescente do legado dos povos africanos de língua banto escravizados no Brasil. De sinal da barbárie, no século XIX, à patrimônio cultural, no século XXI, o jongo e os jongueiros merecem ser estudados em seu longo percurso, através das representações e memórias produzidas sobre essa expressão cultural. A emergência de novos patrimônios culturais nacionais indica exatamente a renovação das formas de se valorizar, comemorar e guardar memórias do passado, antes desvalorizadas, ou encobertas, até mesmo preteridas por uma ideia elitista e excludente de cultura, e até mesmo de história.
          Atualmente, o programa de salvaguarda do jongo, desenvolvido pelo IPHAN e pela UFF, reforça a luta de muitos jongueiros pelo que definem como a tradição do jongo e o patrimônio do grupo. Há um significativo investimento acadêmico e político na reconstrução de sua memória como estratégia de luta contra o racismo e fortalecimento de uma identidade afro-brasileiro. Acompanhar a trajetória da construção dessa identidade, entre diversas representações construídas ao longo do tempo, é um dos objetivos dessa pesquisa.

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